domingo, 4 de julho de 2010

DONA ISABEL, A RAINHA SANTA DE PORTUGAL
Isabel de Aragão (Saragoça, 1271 - Estremoz, 4 de julho de 1336), foi uma infanta aragonesa e, de 1282 até 1325, rainha consorte de Portugal. Passou à história com a fama de santa, tendo sido beatificada e, posteriormente, canonizada. Ficou popularmente conhecida como "Rainha Santa Isabel" ou, – "A Rainha Santa". D. Isabel era a filha mais velha do rei Pedro III de Aragão com Constança da Sicília. Por via materna, era descendente de Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico, pois o seu avô materno era Manfredo de Hohhenstauffen, rei da Sicília, filho de Frederico II.
Teve cinco irmãos, entre os quais os reis aragoneses Afonso III e Jaime II, para além de outro monarca reinante, Frederico II da Sicília. Para além disso, sua tia materna foi Santa Isabel da Hungria, também considerada santa pela Igreja Católica. D. Dinis tinha 19 anos quando subiu ao trono e, pensando em casamento, convinha-lhe Isabel de Aragão. D. Dinis enviou, por isso, uma embaixada a Pedro de Aragão em 1280. Quando lá chegaram, estavam ainda à espera de resposta enviados dos Reis de França e de Inglaterra, cada um desejoso de casar com Isabel um dos seus filhos. Aragão preferiu entre os pretendentes aquele que já era rei.A 11 de fevereiro de 1288 com 17 anos, Isabel casou-se, por procuração com o soberano português Dom Dinis em Barcelona, tendo celebrado a boda ao passar a fronteira da Beira, em Trancoso, em 26 de junho do mesmo ano. Por esse motivo, o rei acrescentou essa vila ao dote que habitualmente era entregue às rainhas (a chamada Casa das Rainhas, conjunto de senhorios a partir dos quais as consortes dos reis portugueses colhiam as prendas destinadas à manutenção da sua pessoa.
Em 1281 D. Isabel de Aragão recebeu como dote as vilas de Abrantes, Óbidos, Alenquer, e Porto de Mós. Posteriormente deteve ainda os castelos de Vila Viçosa, Monforte, Sintra, Ourém, Feira, Gaia, Lamoso, Nóbrega, Santo Estêvão de Chaves, Monforte de Rio Livre, Portel e Montalegre, para além de rendas em numerário e das vilas de Leiria e Arruda (1300), Torres Novas (1304) e Atouguia da Baleia (1307). Eram ainda seus os reguengos de Gondomar, Rebordões, Codões, para além de uma quinta em Torres Vedras e da lezíria da Atalaia.
Do seu casamento com o Rei D. Dinis teve 2 filhos:
Constança (3 de janeiro de 1290 - 18 de Novembro de 1313), que casou em 1302 com o Rei Fernando IV de Castela.
D. Afonso IV (8 de Fevereiro de 1291 - 28 de Maio de 1357), sucessor do pai no trono de Portugal.
Rainha. Na década de 1320, o Infante Dom Afonso, Herdeiro do Trono, sentiu a sua posição ameaçada pelo favor que o Rei Dom Dinis demonstrava para com um seu filho bastardo, Afonso Sanches. O futuro Dom Afonso IV declarou abertamente a intenção de batalhar contra o seu pai, o que quase se concretizaria na chamada peleja de Alvalade. No entanto, a intervenção da Rainha conseguiu serenar os ânimos – pela paz assinada em 1325 nessa mesma povoação dos arredores de Lisboa, foi evitado um conflito armado que teria instabilizado o reino. Dom Dinis morreu em 1325 e, pouco depois da sua morte, Isabel recolheu-se no então Convento de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas mas não fazendo votos (o que lhe permitia manter a sua fortuna usada para a caridade). Só voltaria a sair dele uma vez, pouco antes da morte, em 1336. Nessa altura, Afonso declarou guerra ao seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da Infanta Constança de Portugal e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este infligia à sua esposa D. Maria, filha do Rei português. Não obstante a sua idade avançada e a sua doença, a Rainha Santa Isabel dirigiu-se a Estremoz, cavalgando na sua mula por dias e dias, onde mais uma vez se colocou entre dois exércitos e evitou a guerra. No entanto, a paz chegaria somente 4 anos mais tarde, com a intervenção da própria Maria de Portugal, por um tratado assinado em Sevilha em 1339.
Morte. Isabel faleceu, tocada pela peste, em Estremoz, a 4 de julho de 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, onde em 1995 foi iniciada uma escavação arqueológica, após ter estado por 400 anos parcialmente submerso pelo rio Mondego.
Segundo uma história hagiográfica(*), sendo a viagem demorada, havia o receio de o cadáver entrar em decomposição acelerada pelo calor que se fazia, e conta-se que a meio da viagem debaixo de um calor abrasador o ataúde começou a abrir fendas, pelas quais elas escorria um líquido, que todos supuseram provir da decomposição cadavérica. Qual não foi, porém a surpresa quando notaram que em vez do mau cheiro esperado, saía um aroma suavíssimo do ataúde. O seu esposo Dom Dinis repousa no Mosteiro de São Dinis em Odivelas. Isabel foi uma Rainha muito piedosa, passando grande parte do seu tempo em oração e ajuda aos pobres. Por isso mesmo, ainda em vida começou a gozar da reputação de Santa, tendo esta fama aumentado após a sua morte. Foi beatificada pelo Papa Leão X em 1516, vindo a ser canonizada, por especial pedido da dinastia Filipina, que colocou grande empenho na sua santificação, pelo Papa Urbano VIII em 1625.
É reverenciada a 4 de Julho, data do seu falecimento. Com a invasão progressiva do convento de Santa Clara-a-Velha de Coimbra pelas águas do rio Mondego, houve necessidade de construir o novo convento de Santa-Clara-a-Nova no século XVII, para onde se procedeu à transladação do corpo da Rainha Santa. O seu corpo encontra-se incorrupto no túmulo de prata e cristal, mandado fazer depois da transladação para Santa Clara-a-Nova. No século XVII, a rainha D. Luísa de Gusmão, regente em nome de seu filho D. Afonso VI, transformou em capela o quarto em que a Rainha Santa Isabel havia falecido no castelo de Estremoz. Actualmente, inúmeras escolas e igrejas ostentam o seu nome em sua homenagem. É Padroeira da cidade de Coimbra, cujo feriado municipal coincide com o dia da sua memória (4 de Julho).
Fonte: Reinos encantados

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