domingo, 1 de julho de 2012

EL-REI DOM MANUEL II: AMOR PELA SUA PÁTRIA


O Notícias de Beja, num dos seus últimos números, transcrevia preciosas declarações do venerando D. José do Patrocínio Dias, que foi Chefe dos Capelães Militares do C.E.P. durante a Grande Guerra:
«O Senhor Dom Manuel não se limitou a palavras, mas passou destas aos factos. É conhecida – algumas vezes a temos ouvido salientar ao Exmo. Prelado de Beja – a ternura, o carinho e bondade com o que acompanhou sempre os soldados portugueses que entraram em campanha.
O Chefe dos Capelães Militares Portugueses, recebia todos os meses grandes quantidade de objectos para os soldados; eram agasalhos, de toda a espécie, era tabaco, eram jogos e distrações, eram, até mimos de alimentação, e ainda todos os auxílios que podiam servir aos feridos, como ligaduras, pensos, objectos cirúrgicós, etc. Nada esquecia!
Por muito tempo supôs o Capelão Chefe, que todas essas caritativas eram conseguidas pelos peditórios realizados em Paris, por uma bondosíssima religiosa, a veneranda Madre Augusta de Ornelas – visto que eram por elas enviadas. Só mais tarde soube que, se de facto não faltava a solicitude da religiosa, quase todos os presentes enviados aos soldados, provinham da munificência do Senhor Dom Manuel de Bragança, que tivera o cuidado de não deixar aparecer o seu nome. Esses actos de generosidade foram tantos e tais que, tendo o Capelão Chefe proposto ao Comandante do C.E.P. que fosse dada uma condecoração à veneranda religiosa, pelos seus serviços, foi esta condecorada com a Cruz de Cristo, pelo Governo português. Mas outra devia ser, como foi, a gratidão manifestada ao Senhor Dom Manuel, pelas suas benemerêncas. O Exmo. Prelado de Beja, então Capelão Chefe, propôs que alguém fosse a Fulwell Park levar uma palavra de agradecimento ao augusto exilado. O Comandante do C.E.P. não só se conformou com esta proposta, mas nomeou o Dr. José do Patrocínio Dias, Capelão Chefe, para desempenhar essa missão.
Lá foi desempenhar essa missão a Londres, aquele que mais tarde havia de ser o Venerando Bispo de Beja, o qual ainda nessa data não conhecia o augusto exilado.
O Senhor Dom Manuel, penhorado com esta demonstraçao que lhe vinha das tropas portuguesas, cuja acção acompanhara com ansioso patriotismo, recebeu o Delegado do C.E.P. com as demonstrações da mais cativante amabilidade. As generosidades do Senhor Dom Manuel para com os nossos soldados foram bastante além de duas centenas de contos».
Livro “O Rei Saudade”

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